segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Laringe VIII - Câncer da Laringe - Tratamento

TRATAMENTO
Pequenas lesões superficiais sem fixação
da laringe ou invasão de linfonodos são
tratadas com sucesso ou por radioterapia ou
cirurgia exclusiva, incluindo as ressecções a
laser. A radioterapia pode ser selecionada
com a intenção de se preservar a voz
deixando-se a cirurgia para resgate de
pacientes recidivados. Os campos e a dose
de radioterapia são determinados pela
localização e tamanho do tumor primário.
Uma grande variedade de procedimentos
cirúrgicos são também recomendados, sendo
que alguns deles preservam a função vocal.
Procedimentos cirúrgicos adequados devem
ser considerados individualmente, conforme
os problemas anatômicos identificados, a
capacidade funcional do doente (performance
status) e a habilidade individual dos
profissionais envolvidos no tratamento. O
câncer avançado da laringe é sempre tratado
com a combinação de cirurgia e radioterapia.
Como os índices de cura para lesões
avançadas são muito baixos, podem ser
tentados ensaios clínicos explorando a
quimioterapia, radioterapia hiperfracionada,
rádio-sensibilizadores ou radioterapia com
feixe de partículas.
O risco de metástase linfática cervical em
pacientes com tumor de glote estádio I varia
de 0% a 2% e, para lesões mais avançadas,
como aqueles em estádio II ou III, está em
aproximadamente 10% a 15%, respectivamente.
Portanto não há a necessidade de
se tratar eletivamente o pescoço de pacientes
com tumores glóticos em estádio I ou
pequenos tumores glóticos em estádio II.
Entretanto sempre deve ser considerada a
possibilidade do esvaziamento cervical eletivo
para tumores mais avançados ou supraglóticos.
Para pacientes com câncer de
subglote, é preferido o tratamento combinado,
embora possa ser utilizado a radioterapia
exclusiva em pequenas lesões (estádio I ou II).


Estadio I
Tumor de Supraglote
• Radioterapia exclusiva, através de campos
paralelos opostos látero-laterais e campo direto
sobre região supraclavicular bilateral com feixe
de fótons ;
• Ressecção a laser (em casos selecionados),
em base livre de epiglote.
• Opções para resgate de falhas à radioterapia:
- Laringectomia supraglótica;
- Laringectomia supra-cricóide com cricohióidepexia
(CHP);
- Laringectomia total em pacientes com
problemas respiratórios e sem condições
para cirurgias parciais.

Tumor de Glote

• Ressecção a laser (lesões superficiais de 1/3
médio de corda vocal);
• Radioterapia, através de campos paralelos
opostos látero-laterais com a utilização de
filtro para compensar irregularidade do
contorno.
• Laringectomia fronto-lateral;
• Laringectomia supra-cricóide com cricohióide-
epiglotepexia (CHEP);
• Cordectomia a base de CO2.
• Opções para resgate de falhas à radioterapia:
- Laringectomia fronto-lateral;
- Laringectomia supra-cricóide com CHEP;
- Laringectomia total.

Tumor de Subglote

• Radioterapia é o tratamento de escolha para a
preservação da voz. A cirurgia é reservada para
os casos em que ela falha. A região supraclavicular
é tratada com campo direto e a dose
na medula espinhal é limitada a 4.500cGy.

Estadio II
Tumor de Supraglote

• Laringectomia supraglótica em lesões
localizadas anteriormente que acometam
epiglote, estendendo-se à falsa corda sem no
entanto invadir o ventrículo;
• Laringectomia supracricóide com cricohióidepexia
em lesões de epiglote que
alcancem as cordas vocais;
• Laringectomia “near-total” em lesões que
acometam apenas um lado da laringe, não se
estendam até as aritenóides e não se
enquadrarem nas anteriores;
• Laringectomias total em lesões que acometam
ambas as aritenóides;
• Ressecção a base de CO2 em casos
selecionados.
Em casos cirúrgicos: as indicações de
cirurgias parciais devem ser feitas após uma
cuidadosa seleção, avaliando as comorbidades,
sobretudo em relação à idade e a capacidade
respiratória.
Em casos de pescoço negativo: deve-se
proceder ao esvaziamento cervical seletivo
lateral (níveis 2,3,4), bilateralmente.
Em casos de pescoço positivo: deve-se
proceder ao esvaziamento cervical radical ou
radical modificado, dependendo da extensão
da invasão do pescoço.
A radioterapia complementar será
utilizada nos casos de doença primaria que
invade o espaço pré-epiglote e em casos de
linfonodos cervicais com extravazamento capsular,
ou mais de um linfonodo acometido.

Tumor de Glote

• Laringectomia supracricóide com cricohióide-
epiglotepexia (CHEP), em casos de
lesões que não acometam a comissura posterior,
ou apofise vocal bilateral;
• Radioterapia, nos casos não elegíveis para
procedimentos cirúrgicos parciais.
• Laringectomia total em casos que acometam a
comissura posterior ou de falha à radioterapia;
• Laringectomia “near-total” em casos cirúrgicos
com contra-indicação para laringectomia supra-
cricóide ou radioterapia;
• Ressecção a base de CO2 em casos
selecionados.


Tumor de Subglote

• Radioterapia, deixando-se a cirurgia para
falhas dela, ou em pacientes cujo seguimento
adequado pode ser difícil.
• A radioterapia é aplicada através de campos
paralelos opostos látero-laterais.

Estadio III
Tumor de Supraglote

• Laringectomia supracricóide (CHP) em
casos de lesões com fixação de cordas vocais
com aritenóide móvel ou que apresentem
apenas invasão limitada do espaço préepiglótico
(apenas 1/3 inferior). A invasão de
subglote, comissura posterior e de aritenóides
é contra-indicação cirúrgica formal;
• Laringectomia “near-total”, em casos de lesões
que acometam apenas um lado da laringe, sem se
estender à comissura posterior ou subglote;
• Laringectomia total, em casos que não se
enquadrem nos anteriores (invasão maciça do
espaço pré-epiglótico, fixação de aritenóides)
ou em pacientes com acometimento pulmonar;
• Radioterapia definitiva em pacientes que não
queiram ser tratados cirurgicamente. A dose
na medula espinhal é limitada a 4.500cGy;
• Radioterapia complementar em pacientes
com tumor em estádio III pode melhorar o
controle local da doença em casos cujo pTNM
seja correspondente a estádio IV.
• Pacientes com pescoço negativo devem ser
tratados com esvaziamento cervical seletivo
lateral bilateral;
• Pacientes com pescoço positivo devem ser
tratados com esvaziamento cervical radical ou
radical modificado dependendo da extensão
da invasão cervical.

Indicações para pesquisa em grupos
cooperativos:
• Pacientes que requeiram laringectomia total para
controle da doença pode-se tentar a combinação
de quimioterapia pré ou concomitante à
radioterapia. Nestes casos a laringectomia deve
ser efetuada em pacientes com menos que 50%
de resposta à quimioterapia ou com doença
persistente após a radioterapia;
• Uso de quimioterapia, radiosensibilizadores
ou radioterapia com partículas.

Tumor de Glote
• Laringectomia supracricóide com cricohióide-
epiglotepexia (CHEP), em casos de
lesões com fixação de cordas vocais com
aritenóide móvel. A invasão de subglote,
comissura posterior e fixação de aritenóides
são contra-indicação cirúrgica formal;
• Laringectomia “near-total”, em casos de
lesões que acometam apenas um lado da
laringe e que não invadam a aritenóide, a
comissura posterior ou subglote;
• Laringectomia total, em casos que não se
enquadrem nos anteriores (invasão maciça do
espaço pré-epiglótico, fixação de aritenóides)
ou em pacientes com acometimento pulmonar;
• Radioterapia definitiva em pacientes que não
queiram ser tratados com cirurgia.
• Radioterapia complementar em pacientes
com tumor e estádios III poderá melhorar o
controle local da doença em casos cujo pTNM
seja correspondente a estádio IV: dose de
5.000cGy em 25 seções. A região supraclavicular
é tratada com campo direto;
• Pacientes com pescoço negativo devem ser
tratados com esvaziamento cervical seletivo
lateral bilateral;
• Pacientes com pescoço positivo devem ser
tratados com esvaziamento cervical radical ou
radical modificado, dependendo da extensão
da invasão cervical.
Indicações para pesquisa em grupos
cooperativos:
• Pacientes que requeram laringectomia total
para controle da doença pode-se tentar a
combinação de quimioterapia pré- ou
concomitante à radioterapia. Nestes casos,
a laringectomia deve ser efetuada em
pacientes com menos que 50% de resposta
à quimioterapia ou com doença persistente
após a radioterapia;
• Uso de quimioterapia, radiosensibilizadores
ou radioterapia com partículas.

Tumor de Subglote

• Laringectomia total em campo alargado,
seguida por radioterapia complementar. A
radioterapia é aplicada através de campos
parelelos opostos látero-laterais. A região supraclavicular
é tratada com campo direto e a dose na
medula espinhal é limitada em 4.500cGy;
• A radioterapia exclusiva pode ser indicada
em pacientes que não são candidatos à
cirurgia, e o seguimento deverá ser cuidadoso,
para permitir cirurgia de resgate nos casos de
recidivas locais ou cervicais.
Sob avaliação clínica:
• A radioterapia hiperfracionada pode
melhorar o controle local do tumor, assim
como diminuir a toxidade tecidual tardia;
• Uso de quimioterápicos, radiosensibilizadores
ou radioterapia por partículas.


Estadio IV
Tumor de Supraglote

• Laringectomia total em campo alargado com
radioterapia complementar. A radioterapia é
aplicada através de campos parelelos opostos
látero-laterais.
• Laringectomia “near-total” em casos selecionados
e com radioterapia complementar
(indicação de exceção).

Tumor de Glote


• Laringectomia total em campo alargado com
radioterapia complementar. A radioterapia é
aplicada através de campos paralelos opostos
látero-laterais.
• Laringectomia “near-total” em casos
selecionados, com radioterapia complementar
(indicação de exceção).

Tumor de Subglote


• Laringectomia total em campo alargado e
tireoidectomia;
• Radioterapia exclusiva para pacientes não
candidatos à cirurgia.


Câncer Recidivado

O tratamento do câncer recidivado de
supraglote, glote e subglote inclui cirurgia ou
estudos investigacionais.
O resgate é possível para falhas ao
tratamento cirúrgico exclusivo ou radioterápico
exclusivo, e reintervenções cirúrgicas
ou radioterápicas devem ser tentadas, se
possível.
Pacientes selecionados podem ser
candidatos à laringectomia parcial para
tratamento de falhas à radioterapia.
Reserva-se a quimioterapia sistêmica para
projetos de pesquisa.

Extraído de : www.inca.gov.br(http://www.inca.gov.br/rbc/n_47/v04/pdf/normas.pdf)

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Laringe VII- Histórico da Cirurgia da Laringe

Histórico

Na laringologia moderna dispõe-se de uma grande variedade de ferramentas para o diagnóstico e muitas modalidades diferentes e efetivas para o tratamento das doenças do trato aero-digestivo superior, incluindo o câncer da laringe .
Antigos médicos gregos da escola hipocrática identificaram a epiglote, sem contudo dar a ela esse nome. Eles a compararam com uma folha de hera e referiam que sua função era prevenir que o líquido entrasse na faringe .
O conceito de câncer , já um termo médico usado por antigos médicos,foi realmente descrito por Asclepiades da Bithynia ( atualmente Turquia). Ele introduziu o termo câncer porque observou que o tumor infiltrava e destruía os tecidos adjacentes de uma maneira semelhante ao caranguejo, quando destroçava sua vítima.
Galeno foi o primeiro a dar o nome à epiglote e ao nervo recorrente, quando descreveu experimentalmente a sua importância na criação da voz. Ele descreveu meticulosamente a anatomia da laringe e explicou sua função na respiração e produção da voz.
Oribasius, o primeiro eminente médico bizantino , fez um estudo anatômico e funcional intitulado “ On the larynx and epiglottis”. Descreveu as corda vocais e a sua importância na criação da voz.
Médicos bizantinos contribuíram consideravelmente na evolução da otorrinolaringologia e preservaram em seus textos descrições de importantes operações e tratamentos já realizados pelos antigos gregos e modificados por sua experiência .
Morgagni em seu artigo “Cancer of the larynx” reportou dois casos de carcinoma laríngeo. Entretanto a falta de ferramentas e conhecimentos histopatológicos da era os considerou como casos de doença crônica da laringe, como a tuberculose ou sífilis,doenças que representavam uma pandemia na Europa naquele tempo.
A invenção do laringoscópio na metade do século XIX foi considerada por muitas autoridades como o início da laringologia moderna. Tem sido sugerido repetidamente que foi Manuel Garcia quem inventou o laringoscópio . Ele visualizou a mobilidade das próprias cordas vocais com a introdução de um espelho na orofaringe. Com a ajuda de Charriere, um fabricante de instrumentais cirúrgicos, ele criou um sistema de dois espelhos ao qual chamou de laringoscópio .
Johann Nepamuk Czemark de Budapeste modificou a forma das duas lentes do instrumento inicial , usando uma lente côncava entre as arcadas dentárias e foi o primeiro a utilizar a luz artificial na laringoscopia .
A técnica da laringoscopia foi introduzida nos Estados Unidos em 1858 por Krackowizer, um imigrante austríaco em Nova York. Morell MacKenzie um famoso laringologista da época introduziu uma grande variedade de modalidades terapêuticas através da laringoscopia.
Alfred Kirsten foi considerado o primeiro a realizar o exame direto do interior da laringe.
No início do século XX, Killian inventou o laringoscópio de suspensão . Este aparelho era estabilizado no tórax do paciente e permitia uma melhor visualização do endolaringe.No século XIX a idéia da excisão total da laringe por tumor existia, mas não era colocada em prática, certamente pela ausência de agentes anestésicos.No século XIX , muitas doenças da laringe eram tratadas por instilações e cauterizações às cegas, embora Desault tenha descrito em 1810 uma técnica de laringotomia para a retirada de um corpo estranho fendendo a cartilagem tireóide .
Há pouco mais de 30 anos, comemorou-se o centenário da primeira laringectomia total por câncer. Foi no último dia de 1873 que o cirurgião alemão Theodore Billroth totalizou a retirada da laringe de um pregador religioso de 37 anos, que apresentava recidiva de um carcinoma que já havia sido tratado por meio de uma laringectomia parcial realizada no mesmo hospital, cerca de 40 dias antes. O paciente morreu sete meses depois por metástases cerebrais .
A primeira laringectomia total realizada com sucesso para o tratamento do câncer é atribuída a Enrico Bottini, de Turim, que em 1875 operou um paciente que sobreviveu por 10 anos após a cirurgia 22. Von Langenbeck foi creditado como o primeiro a realizar uma laringectomia à “wide - field”. O paciente sobreviveu por quatro meses.
Na América do Sul, a primeira laringectomia total bem sucedida foi realizada Poe Eugênio Cassanello, cirurgião uruguaio em 1886.
A história da laringectomia parcial data em uma década antes da laringectomia total, isso porque a laringectomia total era considerada por muitos como incompatível com a vida.
Henry Sands realizou em Nova York, em 1863, uma laringectomia parcial em uma paciente de 30 anos que não apresentou recidiva.
São da primeira metade do século XX as propostas que até hoje se aplicam na tentativa de tratar os tumores da laringe com ressecções parciais. Sir St. Clair Thomson elaborou vários trabalhos padronizando a técnica de laringofissura e em 1929 publicou o resultado de 70 casos tratados com 76% de sobrevida em três anos.
H. Gluck e J. Soerensen descrevem técnica para a hemilaringectomia na qual era retirada toda uma hemilaringe , da cricóide à cartilagem tireóide e o defeito era reparado por meio de retalhos cutâneos do pescoço que constituíam um laringostoma fechado em segundo tempo.
Justo M. Alonzo, de Montevidéu em 1939 realizou a primeira laringectomia supraglótica baseado em argumentos anatômicos e embriológicos.
Em 1957, J. Leroux- Robert padronizou a laringectomia frontolateral que consiste da excisão da comissura anterior por meio de uma ressecção triangular da cartilagem tireóide4,27.
Os princípios da laringectomia supracricóidea foram primeiramente descritos em 1959 por Majer e Rieder em Viena. A primeira experiência foi baseada em 6 pacientes com câncer glótico e supraglótico.
Em 1970 Arslan e Serafini publicaram quatro casos de câncer de laringe tratados com uma técnica similar, porém com a retirada da cartilagem cricóide. Como resultado a reconstrução era feita com a traqueohioidoepiglotopexia.
Em 1974, Piquet publicou a técnica de laringectomia supracricóidea com cricohioidoepiglotopexia (CHEP). Este foi o primeiro relato e o autor reportou uma série de 23 pacientes com carcinomas glóticos .
Em 1976, Piquet redefiniu as técnicas e as indicações de laringectomia supracricóidea com cricohioidoepiglotopexia (CHEP) e cricohioidopexia (CHP) em uma série de 61 pacientes .
Foi Laccourreye41 que difundiu na década de 90 a laringectomia supracricóidea com CHEP na América e no restante da Europa. Lefebvre e Chevalier também foram responsáveis por importantes publicações que ajudaram na divulgação da laringectomia supracricóidea como opção para o tratamento do carcinoma glótico.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Laringe VI -Estadiamento TNM

TNM no Câncer de Laringe

A classificação é aplicável apenas ao carcinoma. Deve haver confirmação histopatológica da doença .
Os procedimentos para avaliação das categorias T, N e M são as seguintes :
- Categoria T : exame físico , laringoscopia e diagnóstico por imagem
- Categoria N : exame físico e diagnóstico por imagem;
- Categoria M : exame físico e diagnóstico por imagem.
Assim temos:
T = Tumor primário;
Tx = Tumor primário não pode ser avaliado
Tis = Carcinoma in situ

Supraglote
T1 = Tumor limitado a uma sub-localização anatômica da supraglote, com mobilidade normal da corda vocal;
T2 = Tumor invade a mucosa de mais do que uma sub-localização anatômica adjacente da supraglote ou a glote ou região externa à supraglote ( p. ex. , a mucosa da base da língua, a valécula, a parede medial do seio piriforme), sem fixação da laringe;
T3 = Tumor limitado à laringe , com fixação da corda vocal e/ou invasão de qualquer uma das seguintes estruturas ; área pós-cricóide, tecidos pré-epiglóticos, espaço para-glótico, e/ou com erosão mínima da cartilagem da tireóide ( p.ex. córtex interna);
T4a = Tumor que invade toda a cartilagem tireóide e/ou estende-se aos tecidos além da laringe, p. ex. , traquéia , partes moles do pescoço, incluindo músculos profundos/extrínsecos da língua ( genioglosso, hioglosso, palatoglosso e estiloglosso), alça muscular, tireóide e esôfago.
T4b = Tumor que invade o espaço pré-vertebral, estruturas mediastinais ou adjacentes à artéria carótida.

Glote

T1 = Tumor limitado a(s) corda(s) vocal(is) (podem envolver a comissura anterior ou posterior), com mobilidade normal da(s) corda(s)
T1a = Tumor limitado a uma corda vocal
T1b = Tumor que envolve ambas as cordas vocais
T2 = Tumor que se estende à supraglote e/ou subglote, e/ou com mobilidade diminuída da corda vocal
T3 = Tumor limitado à laringe, com fixação da corda vocal e/ou que invade o espaço paraglótico, e/ou com erosão mínima da cartilagem tireóide ( p.ex. córtex interno).
T4a = Tumor que invade completamente a cartilagem tireóide, ou estende-se aos tecidos além da laringe, p.ex., traquéia , partes moles do pescoço,incluindo músculos os profundos/ extrínsecos da língua ( genioglosso, hioglosso, palatoglosso e estiloglosso), alça muscular, tireóide e esôfago.T4b = Tumor que invade o espaço pré-vertebral, estruturas mediastinais ou adjacentes à artéria carótida .
Subglote

T1 = Tumor limitado à subglote
T2 = Tumor que se estende à(s) corda(s) vocal(is), com mobilidade normal ou reduzida
T3 = Tumor limitado à laringe, com fixação da corda vocal
T4a = Tumor que invade a cartilagem cricóide ou tireóide e/ou estende-se a outros tecidos além da laringe, p.ex., traquéia , partes moles do pescoço, incluindo músculos profundos /extrínsecos da língua ( genioglosso, hioglosso,palatoglosso e estiloglosso), tireóide e esôfago.
T4b = Tumor que invade o espaço pré-vertebral, estruturas mediastinais ou adjacente à artéria carótida.

Linfonodos Regionais Cervicais

Nx = linfonodos regionais não podem ser avaliados;
N0 = ausência de metástase em linfonodos regionais;
N1 = metástase em um único linfonodo ipsilateral, até 3 cm em sua maior dimensão;
N2 = metástase em um único linfonodo homolateral, com mais de 3 cm até 6 cm em sua maior dimensão ; ou em linfonodos homolaterais múltiplos, nenhum deles com mais de 6 cm em sua maior dimensão; ou em linfonodos bilaterais ou contralaterais, nenhum deles com mais de 6 cm em sua maior dimensão.
N2a = metástase em um único linfonodo homolateral, com mais de 3 cm até 6 cm em sua maior dimensão;
N2b = metástases em linfonodos homolaterais múltiplos, nenhum deles com mais de 6 cm em sua maior dimensão;
N2c = metástase em linfonodos bilaterais ou contralaterais, nenhum deles com mais de 6 cm em sua maior dimensão.
N3 = metástase em linfonodo com mais de 6 cm em sua maior dimensão.

M = Metástase à Distância

Mx = a presença de metástase à distância não pode ser avaliada
M0 = ausência de metástase à distância
M1 = metástase à distância

Estádio 0 Tis N0 M0
Estádio I T1 N0 M0
Estádio II T2 N0 M0
Estádio III T1,T2 N1 M0 ;T3 N0,N1 M0
Estádio IVa T1,T2,T3 N2 M0 ;T4a N0,N1,N2 M0
Estádio IVb T4b Qualquer N M0 ;Qualquer T N3 M0
Estádio IVc Qualquer T Qualquer N M1

Grupamento por Estadios de Pacientes com Carcinoma de Laringe
segundo a Classificação TNM AJCC 2002
Fonte: TNM Classificação dos Tumores Malignos - AJCC 6ª ed.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Laringe V - Embriologia

Embriologia da Laringe

A maior razão de enfocar noções de embriologia é explicitar que a laringe é um órgão compartimentalizado, com origens embriológicas distintas e, portanto, padrões de drenagens linfáticas diferentes, de acordo com a região anatômica em questão.
A laringe se desenvolve de folhetos ectodérmicos, endodérmicos e mesodérmicos, derivados do terceiro, quarto , quinto e sexto arcos branquiais.
As aritenóides e a cartilagem cricóide são derivadas do quinto arco branquial enquanto a cartilagem tireóide, do quarto arco. O ligamento vocal irá ser formado dentro da substância da corda vocal primitiva, pela condensação do mesênquima. Todos os músculos da laringe são derivados do sexto arco branquial com exceção do músculo cricotireóideo, tensor da corda, derivado do quarto arco, assim como o nervo laríngeo superior que o inervará ( seu ramo externo).
A supraglote será derivada do terceiro e quarto arcos; a glote, do quarto arco e a subglote, do quinto e sexto arcos branquiais .

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Laringe IV - Cavidades e Espaços da Laringe

O intróito laríngeo tem formato triangular, aberto para a parede anterior da faringe, cada lado formado pelas pregas ariepiglóticas. A cavidade interna da laringe pode ser dividida em três partes : região supraglótica, glótica e subglótica . A região supraglótica compreende a porção livre da epiglote, as pregas ariepiglóticas e bandas ventriculares. As bandas ventriculares, na sua porção inferior, formam o teto do ventrículo de Morgani. As pregas vocais ( ou cordas vocais) vão formar a rima glótica ( glote é o espaço entre as duas cordas vocais) . As cordas vocais têm aproximadamente 15 mm de extensão no homem e 10 mm na mulher. Na junção anterior das duas cordas há a localidade anatômica denominada comissura anterior e, posteriormente, entre as duas aritenóides, o espaço denominado espaço interaritenóideo (também chamado de comissura posterior).
O espaço pré-epiglótico é formado superiormente pelo ligamento hioepiglótico, membrana tireo-hióidea anteriormente e superfície anterior da epiglote posteriormente. Tem um formato de pirâmide invertida e continua lateralmente com a porção superior do espaço paraglótico. Contém gordura e tecido areolar frouxo. Carcinomas podem alcançar este espaço pelas perfurações da cartilagem epiglote .
O espaço paraglótico lateralmente é formado pela superfície interna da cartilagem tireóide, ínfero-medialmente pelo cone elástico, medialmente pelo ventrículo, súpero-medialmente pela membrana quadrangular. Comunica-se superiormente com o espaço entre a cartilagem tireóide e o osso hióide, inferiormente com o espaço entre a cartilagem tireóide e cricóide, anteriormente com o espaço pré-epiglótico.
Espaço subglótico : delimitado superiormente pelas cordas vocais, lateralmente pela superfície medial do cone elástico e medialmente pela mucosa subglótica. Inferiormente é contínuo com a superfície interna da cartilagem cricóide e sua mucosa .

sábado, 8 de setembro de 2007

Congresso Brasileiro de Cirurgia de Cabeça e Pescoço


Caros amigos,aconteceu em Floripa no período de 03 a 06 de setembro de 2007 o Congresso Brasileiro de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. O evento contou com grandes discussões sobre o que há de mais atual no tratamento do Câncer da Cabeça e Pescoço em uma programação diversificada e abrangente. Mas, o que mais nos deixa feliz nestes eventos é reencontrar grandes amigos que fizemos durante a residência médica e relembrar diversos fatos engraçados, e porque não pitorescos, que aconteceram em nossa vida.

Fica de lembrança uma foto do belíssimo por-do-sol de Santo Antônio de Lisboa em Floripa.

Um grande abraço a todos .

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Laringe III- Vascularização e Inervação

Artérias da Laringe
A irrigação sangüínea arterial da laringe é derivada de ramos da artéria tireóidea superior, primeiro ramo da artéria carótida externa, que irá se bifurcar próximo ao corno superior da cartilagem. A artéria laríngea superior, juntamente com a veia e o nervo laríngeo superior (ramo interno), irá penetrar na laringe pela membrana tireo-hióidea. A artéria laríngea inferior (ramo do tronco tireocervical) vai penetrar na laringe posteriormente, junto com o nervo recorrente laríngeo, profundamente ao músculo constrictor inferior da faringe.

Drenagem Venosa da Laringe
É realizada pelas veias laríngeas superiores e inferiores ; as superiores, em conjunto com a veia tireóidea superior e média , vão drenar o sangue para a veia jugular interna. As veias laríngeas inferiores, por sua vez drenam o sangue principalmente para a veia tireoideana média e, em alguns casos, para a veia tireóidea inferior .

Drenagem Linfática da Laringe
A laringe , do ponto de vista da drenagem linfática, pode ser compartimentalizada em função de sua origem embriológica ( ver adiante). Então, anatomicamente, esta drenagem pode ser dividida em regiões supraglótica, subglótica, drenagem do lado direito e esquerdo. A nível de cordas vocais, a drenagem linfática é bastante escassa. A drenagem linfática supraglótica se faz principalmente para linfonodos da cadeia jugulocarotídea alta ( acima da bifurcação carotídea) , tendo também drenagem para linfonodos da cadeia jugulocarotídea média (em menor quantidade). Existem várias conexões linfáticas de um lado para o outro. A drenagem linfática da porção inferior da laringe tende a ser isolada para um único lado, e o faz para os linfonodos jugulocartídeos médio e inferiores, podendo drenar para a cadeia do mediastino ântero-superior .

Inervação da Laringe
O nervo recorrente laríngeo, ramo do nervo vago, é o responsável pela maior parte da inervação motora e contribui para parte da inervação sensitiva da laringe .
A inervação sensitiva para as regiões acima da corda vocal é dada pelo ramo interno do nervo laríngeo superior, que também tem um ramo externo motor, o qual por sua vez inerva o músculo cricotireóideo, tensor da corda vocal. O nervo laríngeo superior , ramo do nervo vago, se origina próximo ao forame jugular; dividir-se-á próximo ao corno maior do osso hióide no seu ramo interno ( que penetra na laringe junto com a artéria laríngea superior pela membrana tireo-hióidea) e no seu ramo externo (que penetra na laringe pela membrana cricotireóidea). Vai emitir alguns filetes nervosos que vão fazer sinapses com ramos do nervo recorrente laríngeo , formando, assim, a alça de Galeno, com função sensitiva.
O nervo recorrente laríngeo, ramo do nervo vago recorre, à esquerda, pelo arco aórtico , enquanto que à direita, recorre pela artéria subclávia .

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Laringe II - Anatomia - Articulações e músculos

Articulações, Membranas e Ligamentos da Laringe

Através da constricção do músculo cricotireóideo e da ação da articulação cricotireóidea, haverá uma diminuição da distância cricotireóidea anterior, provocando, assim , uma tensão nas cordas vocais.
A articulação cricoaritenóidea está localizada na superfície póstero-superior da cricóide. Esta articulação vai permitir à aritenóide realizar movimentos complexos, principalmente de rotação na direção antero-posterior ou látero-medial .
A membrana tireo-hióidea vai da borda superior da cartilagem tireóidea à borda inferior do osso hióide. Nesta membrana, pode-se identificar o ligamento tireo-hióideo mediano e ligamento tireo-hióideo lateral. É penetrada, de cada lado pela artéria laríngea superior, veia e nervo laríngeo superior interno. A membrana tireo-hióidea é o limite anterior, juntamente com o osso hióide, do espaço pré-epiglótico.
O cone elástico (ou membrana cricovocal) se origina na superfície interna do arco cricóideo, com direção medial e superior, inserindo-se no ligamento vocal .
A membrana quadrangular se origina dentro da prega ariepiglótica e adere-se posteriormente à aritenóide e à cartilagem corniculada; inferiormente está aderida ao ligamento vestibular ( banda ventricular) .
As pregas ariepiglóticas contêm os músculos ariepiglóticos, ligados à superfície externa da membrana quadrangular.
Abaixo dos ventrículos da laringe estão as pregas (cordas) vocais. Elas contêm o ligamento vocal; vão formar a rima glótica, espaço entre as duas cordas vocais .



Músculos da Laringe
- Músculos Extrínsecos da Laringe

Grupo infra-hióideo : neste grupo estão incluídos o músculo omo-hiódeo, esterno- hióideo, tireo- hióideo e esternotireóideo. São inervados pela alça descendente do hipoglosso. São depressores da laringe .
Grupo supra- hióideo: neste grupo estão incluídos o músculo digástrico, estilo-hióideo, gênio- hióideo, milo-hióideo e estilofaríngeo . São todos elevadores da laringe. Os músculos constrictores médio e inferior da faringe são músculos também extrínsecos, porém desempenham papel mais importante na deglutição .
Outro importante músculo da laringe é o cricotireóideo. Inervado pelo ramo externo do nervo laríngeo superior, tem importância na deglutição e na tensão da corda vocal.

- Músculos Intrínsecos da Laringe

Os músculos intrínsecos são divididos em abdutores ( cricoaritenóideo posterior) e em adutores das cordas vocais- circoaritenóideo lateral, interaritenóideo, tireoaritenóideo inferior e superior, aritenóideo oblíquo , ariepiglótico e tireoepiglótico. Todos inervados pelo nervo laríngeo recorrente .

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Laringe I - Anatomia (Esqueleto Laríngeo)

Anatomia da Laringe

Múltiplas são as funções da laringe. Com seu mecanismo de dilatação- constricção, terá função de proteção contra broncoaspiração , fonação, condução do ar aos pulmões, tosse com conseqüente eliminação das secreções; com seu mecanismo valvular, permite realizar a manobra de Valsalva, importante em diversas situações do cotidiano (levantar peso, defecar, etc.)

Esqueleto Laríngeo

Os elementos de suporte da laringe são compostos por cartilagens.
Nove são as cartilagens da laringe : tireóide, cricóide e epiglote (ímpares); aritenóide,cuneiforme e corniculada (pares).
As cartilagens tireóide, cricóide e grande parte das aritenóides são cartilagens hialinas. A cartilagem tireóide irá sofrer um processo de calcificação que se completa aos 25 anos de idade. As cartilagens corniculada, cuneiforme, epiglote e o ápice da cartilagem aritenóide são compostos por fibrocartilagens elástica e não se calcificam6.
Muito importante para o suporte estrutural da laringe é o osso hióide. Encontra-se ao nível da terceira vértebra cervical no adulto, situado acima da cartilagem tireóide, relacionado com a parede anterior da hipofaringe e a base da língua. É formado por um corpo (em forma de “U”), dois cornos maiores e dois cornos menores. No corno menor estão inseridos o músculo constrictor médio da faringe e o ligamento estilohioideo. Os músculos gênio-hioideo e genioglosso estão aderidos na sua superfície superior e interna do corpo, enquanto o músculo milo-hioideo se insere na sua superfície anterior. O músculo hioglosso se origina no corno maior e o músculo digástrico está aderido na porção ântero - lateral do corpo do hióide. Estes são os músculos supra-hióideos (14 músculos, 7 pares). Com relação aos músculos infra-hióideos (3 pares), temos o esterno-hióideo, omo - hióideo e tireo-hióideo.
A cartilagem tireóide (do grego: thyreós, thyrõu = escudo) é a maior cartilagem da laringe . O ângulo entre as lâminas exibe um dismorfismo sexual : em média 90º no homem e 120 º na mulher. O ponto de junção entre as duas lâminas é chamado de istmo. Um grupo de 5 ligamentos elásticos estão aderidos na face posterior (interna) do istmo: o ligamento tireoepiglótico, os ligamentos vestibulares e os ligamentos vocais. O ligamento vocal vai penetrar no pericôndrio interno da cartilagem tireóide, formando uma estrutura chamada ligamento de Broyle, rico em vasos sangüíneos e linfáticos.Quando invadido por carcinoma, funciona como um excelente meio de disseminação tumoral . Os dois cornos superiores vão ajudar na suspensão da laringe, com suas conexões com o osso hióide, enquanto os dois cornos menores ajudam na suspensão da cricóide (articulação cricotireóidea). Três músculos estão aderidos na superfície lateral das lâminas tireoideanas ; esternotireóideo, tireo-hióideo e constrictor inferior da faringe .
A cartilagem cricóide (do grego crícou = anel) possui uma lâmina posterior (mede de 2 a 3 cm) e uma lâmina anterior, menor (mede de 5 a 7 mm). Articula-se superiormente com a cartilagem tireóide (membrana cricotireóidea anteriormente e articulação cricotireóidea bilateralmente), posteriormente com as aritenóides e inferiormente com a traquéia (ligamento cricotraqueal).
As aritenóides têm forma piramidal, articuladas com a cricóide (articulação sujeita a processos inflamatórios, como artrite reumatóide, podendo ser causa de paralisia da laringe), possuindo, na sua porção antero - medial, o processo vocal, onde se adere o ligamento vocal que servirá como suporte para as cordas vocais (ligado à superfície interna da cartilagem tireóide) .
As cartilagens corniculadas (Wrisberg) estão aderidas ao ápice das cartilagens aritenóides. As cartilagens cuneiformes ( Santorini) estão localizadas nas pregas ariepiglóticas.
A cartilagem epiglote, elástica, quase nunca se ossifica, permanecendo flexível durante toda a vida. Em toda a sua extensão, é perfurada por vários orifícios por onde passam vasos sangüíneos, linfáticos e tecido fibroso, sendo um local de fácil disseminação neoplásica. Na sua porção inferior, está localizado o ligamento tireoepiglótico que se liga à superfície interna da cartilagem tireóide.

Laringe

Amigos leitores deste blog informativo em Cirurgia de Cabeça e Pescoço,estaremos a partir de agora conversando um pouco sobre laringe e câncer de laringe. Abordaremos os aspectos anatômicos mais importantes , aspectos epidemiológicos, fatores de risco e o câncer da laringe e seu tratamento.
Caso tenham alguma dúvida com relação a tireóide, postem comentários e poderemos sanar e debater as dúvidas..
Um abraço

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Tireóide VII - Manejo

Manejo dos Nódulos Tireoideanos com histologia indeterminada ou carcinoma bem diferenciado da tireóide.

As vantagens da cirurgia da tireóide podem incluir: capacidade de diagnóstico após uma biópsia não-diagnóstica ou indeterminada, remoção do câncer da tireóide, estadiamento e preparo para ablação com iodoterapia. As opções cirúrgicas para o tratamento do carcinoma bem diferenciado da tireóide podem ser limitadas a lobectomia e istmectomia ou tireoidectomia total.
Os nódulos solitários com uma biópsia indeterminada ( suspeito, neoplasia folicular ou neoplasia de células de Hürthle), o risco de malignidade é de aproximadamente 20%.
Para nódulos solitários que são repetidamente não-diagnosticados na biópsia, o risco de malignidade é desconhecido, mas provavelmente próximo de 5 a 10%.
Devido ao aumento do risco para malignidade, a tireoidectomia total é indicada para pacientes com tumores grandes (>4 cm) quando atipia é encontrada na biópsia, quando a biópsia revela suspeito para carcinoma papilífero, em pacientes com uma história familiar de câncer da tireóide e em pacientes com uma história de exposição a radiação.Outra indicação da tireoidectomia total é a presença de doença nodular suspeita bilateralmente.
Para muitos pacientes com câncer da tireóide, o procedimento inicial a ser considerado deve ser a tireoidectomia total. A tireoidectomia parcial pode ser suficiente para o tratamento de carcinoma papilífero intratireoideano pequeno em pacientes de baixo risco com nódulo isolado e ausência de metástases cervicais linfonodais.

domingo, 8 de julho de 2007

Tireóide VI - Outros Exames e Risco de Malignidade

Outros Exames
Técnicas seccionais de imagem como a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética não devem ser usadas para pesquisar a doença tireoideana ou para o manejo inicial de nódulos tireoideanos usuais ou bócio , porque são mais caros e igualmente pouco específicos para serem utilizados no diagnóstico inicial.
As técnicas seccionais de imagem no preoperatório têm sido usadas no nódulo tireoideano em situações específicas.Quando o exame clínico demonstra que a massa tireoideana encontra-se fixa a estruturas vizinhas ou quando massas extra-tireoideanas são palpadas ,essas técnicas podem prover um guia para o procedimento cirúrgico ou para determinar irressecabilidade.
A projeção da massa para mediastino superior também pode ser melhor visualizada com TC ou RNM. Importante informação também pode ser obtida sobre compressão ou invasão traqueal, quando técnicas radiográficas convencionais falham em revelar esta evidência.
O uso da RNM e TC também é importante no manejo pós-operatório de pacientes submetidos a tratamento cirúrgico para o câncer da tireóide.O maior uso desta técnicas seccionais no acompanhamento do paciente com câncer da tireóide está para detectar:
- Recorrência do câncer da tireóide
- Linfonodomegalia cervical ou mediastinal
- Metástase regionais
- Novas massas que foram palpadas
- Conduzir achados suspeitos encontrados na palpação, US ou cintilografia.

Riscos de Câncer no nódulo da tireóide

Pacientes com nódulos da tireóide são selecionados para tratamento cirúrgico quando já tem diagnóstico de câncer ou possui risco de câncer, sintomas específicos ou quando tem anormalidades estéticas. Fatores que aumentam o risco de o nódulo da tireóide ser maligno são listados abaixo:
- História familiar de Câncer medular da tireóide ou neoplasia endócrina múltipla tipo II.
- Câncer da tireóide familiar não medular.
- Síndrome de Cowden.
- Polipose familiar ( Síndrome de Gardner).
- Neoplasia endócrina múltipla tipo I ou hiperparatireoidismo familiar.
- Exposição a baixas ou moderadas doses de radiação terapêutica.
- Radioterapia externa.
- Nódulo da tireóide com crescimento rápido.
- Aparecimento de um novo nódulo tireoideano em jovem (<> 60 anos).
- Nódulo tireoideano com linfadenopatia adjacente.
- História de rouquidão ou paralisia de corda vocal.






domingo, 1 de julho de 2007

Imagens Médicas



Médicos cada vez mais "antenados" na internet.
(Extraído de Diálogo Roche)

terça-feira, 26 de junho de 2007

Tireóide V - Exames Complementares



Testes Laboratoriais

Testes de função tireoideana são usualmente de pouco valor no manejo dos nódulos tireoideanos, com exceção para possíveis adenomas tóxicos. Níveis de tireoglobulina podem estar elevados pacientes com câncer da tireóide e são usados como um marcador tumoral de rotina no seguimento de pacientes submetidos a cirurgia para o câncer da tireóide, mas a determinação de seu nível sérico pré-operatório não o diferencia de adenomas benignos ou tireoidite.

O carcinoma medular da tireóide pode secretar calcitonina, antígeno carcinoembriogênico (CEA), cromogranina e outros peptídeos. Como marcadores tumorais, a medição destes marcadores é mais usada para detecção de recorrência do que para o diagnóstico inicial.

Biópsia por Agulha Fina ( Punção aspirativa por agulha fina – PAAF)

O melhor método preoperatório para identificara malignidade de um nódulo tireoideano é obter células do nódulo para exame citopatológico.A PAAF fornece uma elevada taxa de sucesso combinada com baixa incidência de complicações.A sensibilidade da punção aspirativa varia entre 86 a 94% e a especificidade de 92 a 99% em mãos experientes.Vale lembrar que a punção aspirativa fornece células para o exame citopatológico, e portanto não representa biópsia tecidual.

Diversos trabalhos mostram que PAAF guiada por ultrassonografia fornece um maior número de amostras satisfatórias e portanto aumenta a acurácia do teste.

A PAAF também pode ser utilizada para a identificação de carcinoma em linfonodos e para a mensuração de tireoglobulina no conteúdo da agulha.

Cintilografia da Tireóide

A cintilografia da tireóide é usada para identificar nódulos hiperfuncionantes em pacientes com sintomas de hipertireoidismo, níveis de TSH suprimidos ou resultado de biópsia sugestivo de neoplasia folicular. Nódulos quentes raramente representam malignidade, nódulos mornos apresentam um risco de maliginidade de cerca de 5 % e os nódulos frios apresentam uma maior chance de serem malignos, embora sejam benignos em mais de 80% dos casos.

Alem disso, a cintilografia apresenta baixa especificidade a despeito de alta sensibilidade para nódulos maiores que 1 cm.

Ultrassonografia(US)

A ultrassonografia da tireóide é de muita importância na evolução do nódulo da tireóide por tratar-se de um exame seguro, de baixo custo e que fornece imagens em tempo real e de notável poder de resolutividade e de ampla disponibilidade.

Podemos relacionar algumas das potenciais utildades do US do nódulo tireoideano:

- Diferenciar consistência sólida de cística

- Detecção de multicentricidade

- Detecção de tumor oculto da tireóide em casos de linfadenopatia cervical metastática por tumor primário oculto.

- Determinação de expansão sólida ou hemorrágica em lesões da tireóide que aumentam rapidamente de tamanho.

- Guiar a PAAF em casos selecionados

- Guiar terapia com etanol ou fotocoagulação com laser.

Algumas características do nódulo são consideradas indicativas de benignidade, são elas:

- Halo periférico fino, regular e habitualmente completo
- Textura hiperecogênica em comparação ao tecido adjacente
- Presença de calcificação em casca de ovo

Outras características sugerem malignidade:

- Padrão hipoecogênico

- Limites irregulares ou indefinidos

- Presença de microcalcificações.

Portanto podemos dizer que um nódulo suspeito é aquele que apresenta

hipoecogenicidade associada a uma das características abaixo:

- Contorno irregular

- Presença de microcalcificações

- Vascularização interna

- Halo ausente ou se presente, espesso ou interrompido.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Imagens Médicas

Nódulos da Tireóide


A Evolução do Cirurgião

Encontrando a doença a qualquer custo

terça-feira, 12 de junho de 2007

Tireóide IV - Manejo Clínico

Manejo Clínico

A grande maioria da morbidade relacionada aos nódulos da tireóide é relatada quando esses nódulos representam carcinoma, por isso o manejo deve ser focado na identificação de nódulos que podem ser malignos.

História e Exame Físico
O mais importante fator de risco para o câncer da tireóide é a exposição prévia à radiação. É importante identificar a idade e o tempo de exposição, a região exata do corpo que foi irradiada, e se possível, o tipo e a dose da irradiação. Embora as mulheres sejam mais propensas a apresentarem nódulos e câncer da tireóide do que homens, a probabilidade de câncer é maior em homens com nódulos, especialmente se maiores de 70 anos de idade. A incidência do câncer da tireóide aumenta com a idade, mas uma grande porcentagem de nódulos em pacientes com menos de 20 anos serão malignos.
O linfoma da tireóide deve ser considerado em pacientes com crescimento rápido da tireóide e diagnóstico prévio de tireoidite de Hashimoto, especialmente em mulheres com mais de 50 anos.
Uma história familiar de feocromocitoma, hipercalcemia, anormalidades mucosas,ou carcinoma medular da tireóide leva à suspeita de uma síndrome endócrina múltipla.
Muitos nódulos tireoideanos são descobertos acidentalmente em pacientes assintomáticos. Embora somente um nódulo possa ser detectado no exame físico, cerca de 50% das glândulas abrigam múltiplos nódulos.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Imagens da Tireóide

Vamos aprender um pouco mais .....



Topografia da Tireóide



Histologia da Tireóide

domingo, 3 de junho de 2007

Tireóide III - O nódulo tireoideano

O nódulo da Tireóide

Nódulos palpáveis da tireóide são freqüentemente encontrados na prática clínica e o seu manejo requer a experiência do cirurgião em identificar se o nódulo representa casos de carcinoma que requerem intervenção cirúrgica.
Nódulos solitários da tireóide estão presentes em cerca de 6,4% das mulheres e em cerca de 1,5% dos homens dos Estados Unidos. A baixa prevalência em crianças aumenta linearmente com a idade. Muitos nódulos palpáveis considerados solitários são na realidade um bócio multinodular. Embora estudos de autópsias indiquem a presença de nódulos em até 50% das autópsias, muitas vezes eles são muito pequenos e clinicamente inaparentes. A ultrassonografia de ata resolução é capaz de identificar nódulos em 13 a 40% dos pacientes considerados não-portadores de doença tireoideana.
Além disso, nódulos podem ser identificados em até 70 % dos adultos, porém muitos serão pequenos demais e de importância clínica incerta.
Enquanto a causa dos nódulos da tireóide não é conhecida, a deficiência de iodo e a evidência inversa de tireotropina (TSH) podem estar relacionadas.
A exposição à radiação pode causar neoplasia da tireóide, com uma relação linear entre doses da radiação até 1800 rad e a incidência de nódulos da tireóide e câncer. Muitos nódulos tendem a ocorrer cerca de 10 a 20 anos após a exposição, mas o risco pode existir até 35 anos após.
Altas doses de radiação, isto é, doses externas de radioterapia para Doença de Hodgkin (> 2000 rad) ou iodoterapia com I 131 para tratamento do bócio tóxico não parece ser relacionado com o desenvolvimento do câncer da tireóide.
A maioria dos nódulos tireoideanos pode representar adenomas colóides (27 a 60%) ou simplesmente adenomas foliculares( 26 a 40%). Cerca de 5% dos nódulos da tireóide são considerados hiperfuncionantes e, portanto “quentes” à cintilografia. O câncer da tireóide é encontrado em 10 a 14 % dos pacientes que se apresentam com nódulos tireoideanos palpáveis. O carcinoma papilífero corresponde a 70 a 75% dos cânceres da tireóide em americanos , com o carcinoma folicular sendo o próximo mais comum ( 20-25%) e o carcinoma anaplásico e o medular compreendem os restantes 3 a 5%.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Tireóide II - Fisiologia

Fisiologia
A produção do hormônio da tireóide é o resultado de uma série de caminhos e mecanismos complexos que envolvem o eixo hipotalâmico- hipofisário- tireóide. O hormônio TRH liberado do hipotálamo estimula a produção e liberação do TSH pelas células da hipófise anterior. O TSH estimula a glândula tireóide levando a hiperplasia, aumenta a síntese de tireoglobulina e estimula a síntese e liberação dos hormônios da tireóide T4( tiroxina) e T3( triiodotironina). Os hormônios tireoideanos, por sua vez, inibem a secreção de TSH pela hipófise e os efeitos do TRH são antagonizados por uma “downregulation” de receptores de TRH nas células hipofisárias produtoras de TSH.
Cada mudança no nível de T4 altera em relação inversa a secreção do TSH em escala muito maior. Assim, níveis de TSH são muito sensíveis a mudanças pontuais e subclínicas do nível de T4. Por isso muitas vezes o TSH é usado como primeira prova para avaliação de deficiência orgânica da glândula tireóide.
O hormônio da tireóide está ligado à tireoglobulina (TBG), transtiretina e albumina. A maioria do hormônio tireoideano está ligada à tireoglobulina, por sua maior afinidade naturalmente elevada.
O hormônio tireoideano fisiologicamente ativo é o T3, e 80 % do T3 deriva do T4.O T3 e o T4 livres dão uma avaliação muito mais precisa da função tireoideana, pois independe de alterações plasmáticas de proteínas de transporte, sendo a forma ativa capaz de penetrar nas células alvo e ligar-se a receptores específicos.

terça-feira, 29 de maio de 2007

A Tireóide I - Anatomia e Embriologia

Anatomia e Embriologia

A tireóide é uma glândula endócrina que tem origem na linha média do assoalho da faringe primitiva e também bilateralmente dos tecidos da quarta bolsa branquial, lateralmente.
Ela é formada pelos lobos direito e esquerdo que são posicionados ântero-lateralmente à laringe e traquéia. Os dois lobos são unidos abaixo da cartilagem cricóide pelo istmo que mede cerca de 12 a 15 mm. Ocasionalmente, o lobo piramidal está localizado na linha média , superior ao istmo e representa o remanescente do ducto tireoglosso , pela descida da glândula tireóide primitiva da base da língua até sua localização definitiva no pescoço no processo de desenvolvimento embriológico.
O suprimento sangüíneo da glândula tireóide é dado principalmente pelas artérias tireoideanas superior (primeiro ramo cervical da artéria carótida externa) e inferior (ramo do tronco tireocervical). A drenagem venosa se dá para dois ou três pares de veias que acompanham os vasos arteriais e para uma veia tireoideana média que drena direto para a veia jugular interna.
A drenagem linfática da tireóide se dá para linfáticos ascendentes mediais (pré- laríngeos), ascendente lateral (até a bifurcação da artéria carótida), descendente medial (pré-traqueal) e descendente lateral (cadeia recorrencial).
Do ponto de vista cirúrgico, há várias estruturas anatômicas em relação íntima com a tireóide. Estas estruturas incluem o nervo laríngeo recorrente, o nervo laríngeo superior e as paratireóides. Uma cirurgia próspera da tireóide depende da habilidade do cirurgião em identificar e preservar estas estruturas.
Os nervos laríngeos recorrentes inervam a musculatura extrínseca da laringe e provém inervação sensitiva à laringe na região glótica. O nervo laríngeo recorrente direito origina-se no ponto em que o nervo vago cruza a artéria subclávia e ascende de forma oblíqua em relação à traquéia. O nervo laríngeo recorrente esquerdo deixa o nervo vago quando ele cruza o arco aórtico e tem direção paralela à traquéia.
O nervo laríngeo superior tem origem no gânglio vagal inferior e próximo à laringe ele se divide em ramos externo e interno. O ramo interno fornece inervação sensitiva à laringe supraglótica e o ramo externo inerva o músculo cricotireóideo.
As glândulas paratireóides geralmente em número de quatro glândulas, surgem da terceira bolsa branquial (paratireóides inferiores) e da quarta bolsa branquial ( paratireóides superiores). As paratireóides superiores migram para uma posição próxima à junção cricotireóidea, posteriormente a glândula tireóide. As paratireóides inferiores apresentam uma localização mais variável, em cerca de 45 a 61 % dos casos fica localizada inferior, lateral ou posterior à porção inferior da tireóide abaixo do nível da artéria tireoideana inferior.

A Glândula Tireóide

Estaremos nestes próximos dias conhecendo um pouco mais desta glândula tão especial do corpo humano que se torna um dos órgãos mais afetados por alterações na cabeça e pescoço.

domingo, 27 de maio de 2007

Entre em contato




Se você tem alguma dúvida na área de cabeça e pescoço entre em contato por email ricardomai@gmail.com ou poste um comentário. Participe .

O que somos e tratamos?

A especialidade de cirurgia de cabeça e pescoço trata principalmente tumores (câncer) localizados na região da cabeça e pescoço, excluindo o sistema nervoso central (cérebro).

O tratamento inicial adequado do câncer influencia diretamente os resultados.
O treinamento especializado em cirurgia de cabeça e pescoço é reconhecido e normatizado pelo Conselho Federal de Medicina e pelos Conselhos Regionais de Medicina.
Não é discutido que o médico especialista que terminou seu treinamento em instituição médica reconhecida pela sociedade de sua especialidade, é a melhor opção de profissional habilitado para definir a estratégia do tratamento do câncer.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço pode fornecer as indicações necessárias para que o médico especialista, adequadamente treinado no tratamento do câncer da cabeça e pescoço, seja encontrado.

sábado, 26 de maio de 2007

Mensagem Inicial

Este Blog é dedicado a profissionais da área de saúde e pacientes, para que obtenham a informação sobre as patologias mais comuns que afetam estas regiões do corpo humano tão especiais e complexas que são a cabeça e o pescoço.